domingo, 1 de outubro de 2017

Les feuilles Mortes - Autumn Leaves

1. Folhas Mortas 


Muitas vezes nos surpreendemos ao ver que uma canção muita conhecida, como "Autumn Leaves", na realidade é uma versão de uma outra menos conhecida, como no caso é a francesa "Les feuilles mortes". Temos casos em que a versão se torna mais conhecida que a original, e muitas vezes as duas tem uma letra com sentido diferente ou totalmente opostos, como é o caso de "My way" e "Comme d'habitude".

Essa canção "Les Feuilles Mortes" foi escrita pelo poeta francês surrealista Jacques Prévert em 1945.

A música foi criada antes por Joseph Kosma para o ballet "le rendez vous" em 1945 e Prévert escreveu depois a letra para o filme  "Les portes de la nuit" (um filme de Marcel Carné - 1946), em 1945.

Jean Gabin e Marlene Dietrich iriam fazer os papéis principais, mas acabaram recusando em virtude do filme abordar questões da ocupação da França e que os dois tinham se envolvido profundamente.

Yves Montand



foto de Yves Montand   Um jovem cantor francês apresentado por Edith Piaf, Yves Montand, fez esse filme  e cantou "Les feuilles mortes".

O poema completo foi publicado, depois da morte de Jacques Prévert, no livro "Sol da Noite" em 1980.

Nesse caso específico, as duas versões tem letra sobre o mesmo tema que são as lembranças trazidas pela queda das folhas no outono.


Poema / Música "Les Feuilles Mortes"

Les Feuilles Mortes
As folhas mortas

Oh, je voudais tant que tu te souviennes
Des jours heureux où nous étions amis
En ce temps-là la vie était plus belle
Et le soleil plus brûlant qu'aujourd'hui.
Oh! eu queria tanto que você se lembrasse
Dos dias felizes quando éramos amigos

Nesse tempo lá a vida era mais bela
E o sol mais forte do que hoje


Les feuilles mortes se ramassent à la pelle
Tu vois, je n'ai pas oublié

Les feuilles mortes se ramassent à la pelle
Les souvenirs et les regrets aussi.
As folhas mortas são recolhidas à pá
Você vê, eu não me esqueci
As folhas mortas são recolhidas à pá
Lembranças e remorsos também


Et le vent du Nord les emporte,
Dans la nuit froide de l'oubli.
Tu vois je n'ai pas oublié,
La chanson que tu me chantais...
E o vento norte as leva
Na noite fria do esquecimento
Você vê, eu não esqueci
A música que você cantou para mim


C'est une chanson qui nous ressemble,
Toi tu m'aimais, moi je t'aimais
Et nous vivions, tous deux ensemble,
Toi qui m'aimais, moi qui t'aimais.
É uma canção que se assemelha a nós
Você, você me amou e eu te amei
E nós vivemos os dois juntos;

Você que me amava, Eu que te amava;


Mais la vie sépare ceux qui s'aiment,
Tout doucement, sans faire de bruit
Et la mer efface sur le sable
Les pas des amants désunis.
Mas a vida separa aqueles que se amam
Gentilmente, sem fazer barulho
E o mar apaga na areia
Os passos dos amantes separados



    


2. - Versão Americana  "Autumn Leaves"

Essa música se tornou muito popular na versão americana de Nat king Cole. Posteriormente ela foi regravada muitas vezes e em várias línguas. Temos mais recentemente inclusive gravações dessa música por Eric Clapton e por Bob Dylan.



Autumn Leaves
Folhas de Outono

The falling leaves
drift by the window

The autumn leaves
of red and gold
As folhas que caem,
espalhadas pela janela
As folhas de outono,
vermelhas e amarelas


I see your lips,
the summer kisses

The sun-burned hands
I used to hold
Eu vejo os seus lábios,
os beijos de verão
As mãos queimadas pelo sol
que eu costumava segurar


Since you went away
the days grow long

And soon I'll hear
old winter's song
Desde que você se foi
os dias demoram mais a passar
E logo eu ouvirei
as velhas cantigas de inverno


But I miss you
most of all my darling

When autumn leaves
start to fall
Mas eu sinto sua falta
acima de tudo, querida
Quando as folhas de outono
começam a cair


Since you…
Desde que você se foi



Autumn Leaves Nat King Cole


   



3. - O filme Portas da Noite


Poucos filmes contribuíram, tanto quanto Les Portes de la nuit , a moldar a idéia de que existe um "Paris de Jacques Prévert", onde as ruas cinzentas da capital impregnam magicamente os amores, risos e lágrimas de pessoas comum. A história ocorre em fevereiro de 1945, durante o inverno severo da privação que sucedeu o belo verão da Libertação. Entre as primeiras imagens, uma magnífica vista panorâmica da cidade, filmada no topo de um dos edifícios que fazem fronteira com a estação de metrô de Stalingrado, que até fevereiro de 1946 se chamava Auberviliers-Boulevard de la Villette. 

As portas da noite mostram uma variedade de locais típicos da Paris popular, em particular a bacia de La Villette e a lendária ponte da Rue de Crimée, em que Robert Doisneau tirou a fotografia mais famosa de Jacques Prévert em 1955.

O metrô é  um dos principais elementos da configuração do filme. É lá que Yves Montand cruza  pela primeira vez com Jean Vilar, um encontro que simboliza o destino. 

O filme conta a trágica história de amor do antigo membro da resistência Diego  (Yves Montand) e da bela Malou (Nathalie Nattier), casada com o odioso aproveitador e e ex-colaborador George.  

https://www.parisfaitsoncinema.com/les-classiques/paris-jacques-prevert-les-portes-de-la-nuit.html

Cenas do filme




4. - Referências

wikipedia - Les feuilles mortes / les portes de nuit

6 comentários:

  1. Adjetivos empobreceriam qualquer apreciação que eu pudesse fazer dessa obra-prima. Sentimentos, lembranças são imperfeitamente "traduzíveis" em palavras, se é que podem ser explicados. Gosto muito da gravação original de Yves Montand e da versão inglesa na voz aveludada de Nat King Cole. São dois de meus cantores prediletos. Não há termo de comparação entre as duas interpretações. Cada uma tem seu encanto. O original francês, para mim, contudo, acentua a melancolia de passado que foi vivido com intensidade e não voltará, a despeito das marcas profundas. Hoje, em tempos de cultura de massa veiculada majoritariamente em inglês americano, pode ser que a belíssima gravação de Nat King Cole seja um pouco mais conhecida que a de Yves Montand. Décadas atrás não era assim, e artistas francófonos tinham grande público por aqui. Como quer que seja, ambas as interpretações merecem ser ouvidas. A mim elas trazem recordações gratas.

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  2. Que bom que você gostou Ricardo. Estamos tentando recuperar e divulgar marcos culturais que estão esquecidos tanto no campo da música como também em literatura e pintura.

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  3. Postei no Facebook, a versão de Mireille Mathieu. Mas copiei a letra e citei o autor, assim como dei os créditos a História com gosto. "As folhas mortas são recolhidas à pá. Lembranças e remorsos também" Sou monoglota e graça a vocês conheci a profunda beleza e melancolia da letra. Parabéns e obrigado. Hébel Costa.

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  4. ambas são encantadoras. ainda assim, tenho preferência pela versão francesa, com a inesquecível voz de Yves Montand

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