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sábado, 28 de junho de 2025

Marrocos raíz - Rumo às regiões desérticas

 1. - Introdução - Explorando o lado mais autêntico e exótico do Marrocos: A Rota para o Deserto

A experiência mais profunda e autêntica para quem quer conhecer o Marrocos, é fazer a visita à Marrakech e depois embarcar na  rota que atravessa as terras áridas, os vales escarpados e as dunas douradas do país. Este é o Marrocos das paisagens que parecem ter saído de um conto das Mil e Uma Noites, onde o exotismo e a aventura se misturam para criar memórias inesquecíveis.


Deserto de Erg Chebbi, foto HistoriacomGosto

A jornada começa em Ait Ben Haddou, uma antiga cidade muralhada que já foi o cenário de muitos filmes e que carrega em suas torres de barro a essência do tempo. De lá, seguimos para Ouarzazate, a lendária "Porta do Deserto", onde a vastidão das áreas desérticas começa a se revelar. Continuando a aventura, os caminhos sinuosos nos levam através das montanhas até os profundos vales de Dades e as impressionantes Gargantas de Todra, onde a natureza esculpiu verdadeiros monumentos de pedra.

Kasbah (cidade fortificada), perto de Ouarzazate, foto HistoriacoGosto

O clímax da viagem é alcançar o deserto de Erg Chebbi, com suas dunas infinitas que mudam de cor sob a luz do sol e oferecem uma das mais fascinantes imersões na grandiosidade do Saara. Silêncio absoluto, noites estreladas e o vento carregando mistérios ancestrais tornam esse lugar mágico. A travessia encerra com a rota até Fez, uma cidade que não apenas simboliza o coração cultural do Marrocos, mas também marca o retorno à civilização, carregando no caminho paisagens hipnotizantes que contrastam com as zonas áridas.

Continuem nos acompanhando nessa jornada exótica e autêntica, marcada pela descoberta de uma terra onde a aventura está em cada curva das montanhas. 

Aliaremos a isso os importantíssimos eventos históricos da conquista árabe da peninsula ibérica e a sua reconquista pelos Reis Cristãos, introduzindo uma visão desse precioso capítulo da história mundial.


2.0 - Da Marrakech à Ouarzazate


2.1 - A estrada Col do Tichka

Esse trecho é uma jornada bastante interessante, tanto pelas curvas desafiadoras quanto pelas paisagens  que ele oferece. Ao longo do caminho, são comuns os vales repletos de vegetação contrastando com as encostas áridas das montanhas, criando cenários que parecem pinturas. 

Estrada Col do Tichka, foto HistoriacomGosto


Enquanto você avança pelo Alto Atlas, os pequenos vilarejos berberes encravados nas encostas adicionam um charme cultural à paisagem natural.

Ighrem N'Ougdal, Ouarzazate, foto HistoriacomGosto


A estrada é famosa por um mirante cênico onde podemos parar  para apreciar as sinuosas estradas onde passamos e admirar a grandiosidade do Atlas. 

Local de mirante e produção de óleo de argan, foto HistoriacomGosto


Mirante e Cooperativa Feminina de fabricação Óleo de Argan

Além disso, nesse local hoje encontramos alguns cafés e lojas  onde podemos ver as mulheres locais demonstrando o processo artesanal de extração e produção do óleo, revelando uma técnica que é passada de geração em geração. Confirmamos então a importância cultural e econômica do óleo de argan.   

Mulheres berberes demonstrando a fabricação de óleo de argan, foto HistoriacomGosto


2.2 - Ksar Ait Benhaddou 


A origem de Ait Ben Haddou remonta ao século XI e está associada à época da dinastia Almorávida, que construía fortalezas e ksars ao longo das rotas de caravanas comerciais. Este ksar servia como uma importante parada nas rotas de comércio trans-saariano, conectando o Saara às cidades de Marrakech e outras além, transportando bens como ouro, sal, especiarias e escravos. Como todos os ksars, ele foi projetado para ser uma fortaleza comunitária, protegendo seus habitantes e bens valiosos.

Ksar Ait Ben Haddou, foto @James Andrews em dreamstime.com

A composição arquitetônica do ksar é marcada pelas suas casas feitas de barro e terra pressurizada, interligadas por passagens e cercadas por altas muralhas defensivas, símbolo de comunidades que viviam em um ambiente desafiador e muitas vezes hostil.

Habitação e Uso no Passado

O Ksar Ait Ben Haddou era habitado principalmente por povos berberes que viviam em clãs e comunidades tribais. As famílias compartilhavam o espaço interno da fortaleza não apenas como habitação, mas também como local de armazenamento para bens e alimentos. Além das casas, o ksar possuía uma mesquita, áreas de armazenamento de grãos (granários conhecidos como ighrem) e até um pequeno cemitério, demonstrando como o lugar era autossuficiente e atuava como um microcosmo de vida comunitária.

Ksar Ait Ben Haddou, foto historiacomgosto

Sua localização estratégica na beira do rio Ounila garantiu acesso a uma fonte de água e terras férteis para o cultivo de alimentos, essenciais para o sustento dos habitantes e dos viajantes que por ali passavam.

Declínio e Abandono

Com o passar do tempo, especialmente a partir do século XX, as rotas de comércio trans-saarianas perderam sua relevância devido à emergência de novas rotas marítimas e rodoviárias. Isso, aliado ao desgaste natural das estruturas e às mudanças nos estilos de vida das populações locais, levou ao esvaziamento gradual de Ait Ben Haddou.


Ksar Ait Ben Haddou, foto historiacomgosto


Os habitantes começaram a deixar o ksar em busca de estilos de vida mais modernos em lugares como Ouarzazate. Atualmente, a maior parte das famílias que viviam ali mudou-se para o outro lado do rio, onde um vilarejo moderno foi estabelecido. Contudo, algumas poucas famílias ainda permanecem dentro do ksar, mantendo viva uma parte de suas tradições.

Ait Ben Haddou no Cinema

Embora tenha perdido sua relevância como ponto de comércio, Ait Ben Haddou ganhou uma nova vida graças à indústria cinematográfica. Suas construções dramáticas e sua aparência quase perfeita de uma fortaleza medieval fizeram do ksar um local cobiçado por produções de cinema e televisão.

Diversos filmes e séries mundialmente famosos foram filmados ali, como:

  • Lawrence da Arábia (1962), Gladiador (2000), A Múmia (1999), Prince of Persia (2010), Game of Thrones (2013), onde Ait Ben Haddou foi usado como cenário para Yunkai, uma das cidades fictícias de Essos.

Essas produções ajudaram a destacar o ksar internacionalmente e a transformá-lo em um ponto turístico atraente.

Situação Atual

Hoje, o Ksar Ait Ben Haddou é uma das atrações turísticas mais visitadas do Marrocos. Apesar de muitas de suas estruturas estarem em ruínas devido à passagem do tempo e à fragilidade dos materiais de construção, esforços de restauração têm sido feitos desde que foi designado Patrimônio Mundial pela UNESCO.

Embora a maioria dos habitantes viva fora das muralhas, algumas poucas famílias resistem e continuam habitando as casas tradicionais, participando da economia turística por meio da venda de artesanato e da produção de produtos locais, como o famoso óleo de argan.


2.3 - Vale de Dadès


O Vale do Dadès, em Marrocos, é uma região desértica e montanhosa conhecida por suas paisagens impressionantes, incluindo as famosas Gargantas do Dadès e formações rochosas conhecidas com o apelido de "dedos de macaco". O vale, com o rio Dadès serpenteando por entre as montanhas e vales, é uma impressionante paisagem natural que se estende entre as montanhas do Alto Atlas e o deserto do Saara.

Formação Geológica

As montanhas e o terreno do vale do Dadès foram modelados por uma combinação de fatores geológicos e ação erosiva:
  • Tipo de Rochas

As montanhas ao longo do vale do Dadès são compostas principalmente por rochas sedimentares, com presença significativa de calcário e arenito, algumas das quais datam do período Jurássico (mais de 150 milhões de anos atrás).

- O calcário forma penhascos duros e resistentes.

- O arenito, mais sensível à erosão, contribui para a cor avermelhada e as formas esculturais únicas da região.

Vale de Dadès, foto HistoriacomGosto

  • Erosão: 
- O rio Dadès desempenhou um papel fundamental na formação do vale. Ao longo de milhões de anos, o fluxo do rio foi esculpindo as gargantas, criando formações únicas como as chamadas "Dedos de Macaco", rochas que lembram grandes dedos emergindo da terra.

Vale de Dadès, foto HistoriacomGosto



O Rio Dadès

O Rio Dadès é a veia central do vale, que esculpiu suas gargantas e fertilizou seus arredores ao longo de milênios:

  • Origem e Desembocadura: 
- Ele nasce nas montanhas do Alto Atlas e flui até se encontrar com o Rio Drá, próximo de Ouarzazate. O rio Drá inicia sua jornada em direção ao deserto do Saara.
  • Usos Históricos:
Em tempos passados, o Rio Dadès alimentava aldeias e oásis ao longo de suas margens, irrigando a agricultura de subsistência de pequenos vilarejos.

Ele também fornecia uma parte importante da água para a cidade de Ouarzazate e aldeias próximas, antes do desenvolvimento mais moderno do sistema de barragens que regula as águas.


Material e Paisagem do Vale

A paisagem ao longo do Vale do Dadès exibe diferentes materiais que moldam sua aparência e funções:

  • Rocha Arenosa e Calcária:
O arenito é dominante, conferindo à paisagem suas clássicas cores esfumadas, que variam entre o laranja, vermelho e dourado, dependendo da luz do sol. O calcário forma penhascos e formações rochosas mais firmes.  
  • Solo Arável e Fértil nas Margens do Rio:
O vale possui pequenas áreas de solo fértil, suportadas pelos depósitos transportados pelo rio, permitindo o cultivo de cereais, frutas (principalmente damascos, amêndoas e figos) e tâmaras.

Região montanhosa arenosa com vale verde no leito de rios antigos, foto HistoriacomGosto

  • Gargantas e Rochedos: 
As gargantas do Dadès são especialmente estreitas e íngremes, destacando-se pela sua textura ondulada e cortes profundos que separam as montanhas.

Estradas sinuosas, foto HistoriacomGosto

Rios entre as montanhas, foto HistoriacomGosto 

Uso como Rota no Passado

O Vale do Dadès é parte de uma rede de velhas rotas comerciais que conectavam o Marrocos ao mundo subsaariano:

  • Rota das Caravanas:
- No passado, a região foi uma importante passagem para caravanas que traziam sal, especiarias, ouro e escravos entre o Saara e cidades como Marrakech.

- As aldeias fortificadas chamadas kasbahs, situadas ao longo do vale, serviam como centros de armazenamento e proteção dessas caravanas.
  • Povos Berberes:

- O vale do Dadès também tem sido o lar de comunidades amazighs (berberes), que usavam a rota para a comunicação entre tribos e para levar seus rebanhos à pastagem nas montanhas.

Outras Características Interessantes

  • Desenvolvimento Moderno:

- Hoje, o Vale do Dadès e suas gargantas atraem turistas por sua beleza, cultura e tranquilidade. 

- Pequenas vilas ao longo do vale como Boumalne Dadès são pontos de partida para trilhas e explorações na região.

  • Cidades Históricas no Passado:
- Durante sua jornada, o Rio Dadés deu suporte à agricultura e abasteceu comunidades próximas a cidades históricas como Ouarzazate, que cresceu por sua posição estratégica entre o deserto e o Alto Atlas.

  • Formações rochosas peculiares
- Formações rochosas peculiares que se assemelham a dedos, encontradas no vale, são uma atração turística. 

    Rochas em formatos de dedos de macaco, foto HistoriacomGosto


    Hoteis / Riads

    Devido ao incremento de turismo interno e externo, um grande número de hotéis e riads vem se instalando na região. 

Restaurante no Riad, foto HistoriacomGosto


2.4 - Estúdio de Cinema Atlas - Ouarzazate


Os Estúdios Atlas, localizados na cidade de Ouarzazate, no Marrocos,são os maiores estúdios cinematográficos a céu aberto do mundo, cobrindo uma área de aproximadamente 20 hectares. Eles são uma parte essencial da indústria cinematográfica global, responsáveis por fornecer paisagens desérticas e exóticas para inúmeros filmes e séries, tanto de Hollywood quanto de outras produções internacionais.

Estudio Atlas, foto HistoriacomGosto

  • Os Estúdios Atlas foram fundados em 1983 na cidade de Ouarzazate, que tem uma localização estratégica na região do Sul Marroquino, cercada por desertos, montanhas e cenários naturais espetaculares. O local foi escolhido devido à sua paisagem versátil, clima ensolarado durante praticamente o ano inteiro, e menores custos de produção quando comparados a outros países.


  • Estúdio Atlas, foto HistoriacomGosto

    • A ideia de criar esse estúdio foi amplamente influenciada pelo crescente interesse da indústria cinematográfica internacional, que já vinha utilizando a região de Ouarzazate como locação desde os anos 1960.

    Filmes realizados na região de Ouazarzate: 

    - Lawrence da Arábia (Lawrence of Arabia, 1962), Gladiador (Gladiator, 2000), A Múmia (The Mummy, 1999), Príncipe da Pérsia: As Areias do Tempo (Prince of Persia: The Sands of Time, 2010), Sahara (Sahara, 2005), Reino dos Céus (Kingdom of Heaven, 2005). 

    Séries também filmadas na região:

    Game of Thrones (2011-2019), The Amazing Race;


    3.0 Da Garganta de Todgha ao deserto de Erg Chebbi


    a) Garganta de Todgha

    Garganta do Todgha é um desfiladeiro na parte oriental da cordilheira do Alta Atlas, situado a noroeste da cidade de Tinghir.  À semelhança do vizinho rio Oued Dadès, o Todgha escavou um desfiladeiro muito profundo e estreito, ladeado de escarpas muito íngremes que chegam a ter 200 metros de altura nos últimos 40 km do percurso através das montanhas. 

    Os últimos 600 metros constituem o trecho mais espetacular. Aí, o cânion fica ainda mais estreito, não ultrapassando os 10 m de largura em alguns lugares, e é ladeado por paredes praticamente verticais de rocha macia que atingem os 160 m de altura

    Garganta de Toghda, foto HistoriacomGosto

    A pequena corrente de glaciar parece algo deslocada no vale, o qual deve ter sido percorrido no passado longíquo por um rio com muito maior caudal.


    Garganta de Toghda, foto HistoriacomGosto

    As gargantas de Toghda são um ponto turístico para todos por causa de sua beleza extraordinária mas também é ponto de reunião de famílias que vão passar o dia se banhando no pequeno riacho e fazendo piquenique nas suas margens. 

    b) Deserto de Erg Chebbi  - 

    O Erg Chebbi é uma vasta extensão de dunas de areia que cobre uma área aproximada de 28 km de comprimento e entre 5 a 7 km de largura, na região de Merzouga, no Marrocos. Suas dunas podem atingir alturas impressionantes que chegam a 150 metros, o que as torna especialmente marcantes e muito procuradas por turistas.

    Este trecho localiza-se relativamente próximo à fronteira da Argélia (cerca de 50 km de distância a leste) e está posicionado no início das formações arenosas mais robustas do Deserto do Saara, fazendo parte de sua extremidade norte. Erg é uma palavra árabe usada para descrever grandes áreas de dunas de areia, diferentemente de paisagens desérticas pedregosas chamadas de "hamadas".


    Início da área de dunas de Erg Chebbi, foto HistoriacomGosto

    O Erg Chebbi é, de fato, um dos primeiros contatos com o Deserto do Saara ao norte da África, principalmente para quem viaja pelo Marrocos. Embora geograficamente já faça parte do Saara, é apenas um trecho pequeno do que é o maior deserto quente do mundo, que se estende por cerca de 9 milhões de quilômetros quadrados. 

    Além disso, ao contrário de grande parte do Saara, que é predominantemente composto por terrenos pedregosos e montanhosos, o Erg Chebbi caracteriza-se pelas grandes dunas de areia – um cenário mais raro, já que somente cerca de 15-20% do Saara é coberto por dunas.


    Área de deserto  Erg Chebbi, foto historiacomgosto

    O deserto do Saara – e, portanto, o Erg Chebbi – nem sempre existiu como vemos hoje. No período conhecido como o Holoceno Úmido Africano, entre cerca de 10.000 e 6.000 anos atrás, essa região era dominada por vegetação e apresentava lagos, rios e grandes extensões de pastagens. As populações humanas que viviam ali dependiam de atividades agrícolas e da fauna disponível.

    Esse ambiente mais úmido é frequentemente associado a um fenômeno natural chamado de Oscilações de Milankovitch, que se refere a ciclos na inclinação e órbita da Terra que alteram os padrões climáticos. Com o tempo, as chuvas diminuíram e a desertificação começou, transformando gradualmente o Saara no deserto que conhecemos hoje. Apesar de parecer estático, o Saara ainda passa por mudanças lentas, com períodos úmidos e secos que se alternam ciclicamente.

    Pôr do Sol no deserto

    O pôr do sol no Erg Chebbi é um espetáculo muito bonitro, quando os tons dourados, alaranjados e rosados pintam as gigantescas dunas do Saara, criando um cenário exuberante.

    Pôr do Sol em Erg Chebbi, foto HistoriacomGosto


    4.0 Vale de Ziz - Tafilete (Óasis de Palmeira), Khetaras, até Fez


    a) Vale do Ziz 

    O Tafilete, é uma região histórica do sudeste de Marrocos, constituída por um conjunto de oásis ao longo dos vales dos uádis (rios) Ziz e Ghéris. Localizado no sudeste do Marrocos, próximo à região entre Erfoud e Rissani.

    Faz parte da rota que conecta as montanhas do Alto Atlas ao deserto do Saara. O rio Ziz atravessa esse impressionante oásis.

    Por vezes referido como um dos maiores oásis do mundo, o Tafilete é o mais importante dos oásis do Saara marroquino. É célebre pelas suas tâmaras, grandes e saborosas, que foram introduzidas na região em meados do século XIII por Haçane Adaquil (Al-Hesn d-Dakhl), um antepassado dos atuais reis de Marrocos, originário de Iambo, no Hejaz (Arábia Saudita), trazido pelos habitantes de para ser o seu imame. 


    Óasis de palmeiras, Vale do Ziz, foto HistoriacomGosto


    Características Únicas

  • É o maior oásis de palmeiras-datilheiras do mundo, cobrindo uma área vasta com milhões de palmeiras.
  • Apesar de estar situado em uma região árida e desértica, o oásis é extremamente fértil graças às águas do Rio Ziz, que alimentam seus campos de cultivo.
  • A principal produção agrícola da região são as famosas tâmaras, conhecidas pela sua qualidade e sabor. A cidade de Erfoud é especialmente renomada por seu festival anual de tâmaras.

  • O êxito das tâmaras contribuiu para a riqueza e poder da dinastia local, que ainda é patente nos numerosos alcázares (ksour) e Kasbás (cidadelas ou castelos) da região.

    Secagem dos frutos para a preparação dos doces,
    foto HistoriacomGosto 


    A região foi um centro de comércio importante durante vários séculos, sendo um dos principais pontos de acesso ao deserto do Saara e um dos lugares de intercâmbio entre o norte o extremo sul de Marrocos, na chamada "Rota do Sal". Era pelo Tafilete que passava o tráfico de ouro, especiarias, sal, armas, tecidos e escravos provenientes do chamado "Sudão" (balad es-soûdân, "país dos negros"), ou seja, do Mali, Níger e da costa do Golfo da Guiné.



    b) Khetaras == como era o sistema de transporte de água

    • Definição:

    - As khettaras são um sistema de galerias subterrâneas inclinadas, que captam e transportam água de lençóis freáticos ou outras fontes de água subterrâneas para áreas cultiváveis ou aldeias.

    - Funcionam através da gravidade, conduzindo a água suavemente por túneis desde terrenos altos até locais mais baixos.

    • Características:

    - Construídas com poços verticais espaçados, que permitem o acesso ao túnel principal para manutenção e limpeza.

    - São projetadas para proteger a água do calor intenso e minimizar a evaporação, o que é essencial em áreas desérticas.

    • Propósito:
    - Fornecem água para irrigar oásis, plantações (como palmeiras-datilheiras e cereais) e abastecer comunidades locais. Este sistema ajudou a sustentar a vida em regiões áridas por séculos.
    Khetara, foto autor não identificado



    • História e Origem
    - As khettaras foram originadas no Irã Antigo, onde são conhecidas como qanats, e a técnica se disseminou para o norte da África e a Península Ibérica com a expansão islâmica.

    - No Marrocos, esse sistema foi implementado em oásis como o de Tafilalt e Skoura, além de numerosas regiões áridas próximas ao Saara.

    Khetara, foto Wikipedia


    c) Regiões agrícolas - Maçãs, 

    A região agrícola antes de chegar em Fez, no Marrocos, é de um visual comletamente diferente com relação às paisagens e riqueza natural. Esta área é marcada por uma vegetação abundante, muitos vales férteis e um sensível contraste com as áreas mais áridas e desérticas do país. 

    A diversidade das paisagens dessa região deve muito à influência da Cordilheira do Médio Atlas, que confere ao terreno condições ideais para a agricultura, pastagens e belas formações naturais.

    Principais características da região:


    • Cultivo de macieiras e outras frutas
    Próximo ao Médio Atlas, há extensas áreas de pomares, onde as macieiras são especialmente abundantes. A combinação de altitudes mais elevadas, clima ameno e solo fértil é perfeita para o cultivo de frutas, como maçãs, pêssegos e peras. As macieiras são tão comuns que algumas cidades próximas, como em torno de Ifrane e Azrou, se tornaram famosas por sua produção de maçãs de alta qualidade.

    macieiras ao fundo, foto historiacomgosto


    • Vales floridos
    Durante a primavera, muitos dos vales dessa região florescem, criando um cenário extremamente bonito tanto para habitantes quanto para visitantes. Essa florada não é apenas ornamental — é essencial para a biodiversidade local e também para a apicultura, que se beneficia das colmeias produzidas nessa área.

    campos floridos, foto historiacomgosto


    • Pastagens para gado e ovelhas
    A área é amplamente conhecida por abrigar vastas planícies e vales cobertos por gramíneas, que servem como pasto para o gado bovino e ovino. As ovelhas, valorizadas pela produção de carne e lã, são criadas principalmente por comunidades berberes que habitam essas áreas montanhosas. Essa prática é tradicional e fundamental para a economia local.

    Animais pastando, foto historiacomgosto


    • Tradição agrícola e rural
    A região possui abundância de fazendas e pequenas propriedades familiares que cultivam diferentes produtos agrícolas, como cereais (trigo e cevada), além das frutas. A população local costuma utilizar sistemas de irrigação tradicionais, herdados de séculos de práticas agrícolas acumuladas.

    animais pastando, foto historiacomgosto


    Charme das cidades próximas
    • Ifrane: Conhecida como a "Suíça do Marrocos", esta cidade montanhosa se destaca pelo seu clima alpino e pela proximidade das áreas de vales férteis e florestas. É comum ver plantações de macieiras e belos jardins nos arredores.
    • Azrou: Localizada nas cercanias, é famosa tanto pela criação de ovelhas quanto pelo artesanato em madeira de cedro e lã de alta qualidade.
    Diversidade natural e cultural
    • Além das paisagens deslumbrantes, essa região é habitada principalmente por comunidades berberes que preservam seu modo de vida simples e suas tradições ancestrais. As práticas agrícolas e pastoris coexistem em um equilíbrio que reflete a harmonia entre o homem e a natureza.


    d) Cedre Gouraud - Vale dos Macacos de Azrou 

    Vale dos Macacos de Azrou, é uma atração popular no Médio Atlas, próximo às cidades de Azrou e Ifrane, no Marrocos. O nome deriva da presença dos famosos macacos-de-gibraltar, também conhecidos como macacos-de-barbária (Macaca sylvanus), que vivem livremente nessa região montanhosa. É um destino encantador para turistas e amantes da natureza, oferecendo paisagens deslumbrantes, florestas de cedros e interação com a fauna local.


    Macacos em cedre gouraud, foto historiacomgosto

    Principais características do Vale dos Macacos:

    • Habitat dos macacos-de-barbária
    O vale é o lar de uma das maiores populações de macacos-de-barbária no Marrocos. Esses macacos são uma espécie única, nativa do norte da África, e são conhecidos por sua carisma e comportamento sociável. Eles estão acostumados à presença de humanos e muitas vezes se aproximam em busca de alimento.
    • Floresta de cedro
    O Vale dos Macacos está localizado na deslumbrante Floresta de Cedro de Gouraud, uma vasta extensão de árvores de cedro — algumas com centenas de anos. A floresta não só proporciona um refúgio para a vida selvagem, mas também oferece uma atmosfera fresca e agradável, especialmente no verão.

    Floresta de Cedre Gouraud, foto @ Jacek Sopotnicki em dreamstime.com 

    • Interação com os macacos
    Visitantes do vale podem observar ou interagir com os macacos-de-barbária. Porém, é importante ser cuidadoso: alimentá-los pode ser prejudicial para sua saúde e criar dependência em relação aos humanos. É recomendável admirá-los à distância para garantir um turismo responsável.

    Curiosidades:

    • Espécie ameaçada: O macaco-de-barbária está listado como uma espécie vulnerável de acordo com a IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza), devido à perda de habitat e ao comércio ilegal. A região do Médio Atlas desempenha um papel crucial na sua conservação.

    e) Ifrane - Suíça Marroquina

    Ifrane, localizada no coração do Médio Atlas, é uma cidade única no Marrocos, conhecida pelo seu charme europeu, arquitetura alpina e clima fresco. Devido às suas características incomuns para um país predominantemente árido, Ifrane é frequentemente chamada de "Suíça do Marrocos". É uma das cidades mais limpas e organizadas do país, além de ser um popular destino de turismo e lazer.

    Cidade de Ifrane, foto historiacomgosto

  • A cidade foi fundada pelos franceses em 1929, durante o período de colonização, como uma estação de repouso e recreação de verão para os colonos europeus. Por isso, ela apresenta casas com telhados inclinados, típicas de regiões montanhosas frias na Europa, algo muito raro de se encontrar no Marrocos.

  • Esse estilo europeu é o que torna Ifrane tão distinta em relação a outras cidades marroquinas.

  • Com uma altitude de cerca de 1.665 metros, Ifrane tem um clima mais ameno no verão e neve durante o inverno. Isso faz dela um destino favorito tanto para escapar do calor das regiões mais baixas quanto para desfrutar de esportes de inverno.

  • No inverno, as estações de esqui próximas, como Michlifen, atraem turistas marroquinos e internacionais que buscam pistas de qualidade e experiências únicas.


  • f) Fez

    Fez é a porta de entrada para a riqueza cultural, espiritual e histórica do Marrocos, sendo o destino perfeito após as paisagens fascinantes e áridas do deserto. Como ponto de chegada, esta antiga cidade imperial encanta os viajantes com suas contrastantes medinas labirínticas, cheias de história, e seu ambiente vibrante, que conecta o passado ao presente. 




    Localizada estrategicamente entre o deserto e a costa norte, seguindo em direção a Tânger, Fez oferece uma pausa rica em cultura, arte e deliciosa gastronomia — um verdadeiro mergulho no coração autêntico do Marrocos. É impossível não se perder de forma encantadora em suas ruas estreitas, nos aromas das especiarias e nas histórias contadas por suas muralhas centenárias.

    Rota de Marrakech à Merzouga e Merzouga para Fez, google maps


    Obs: Devido a sua importância e grandiosidade, faremos ums postagem específica sobre Fez. Não percam!

    5.0 - Referências


    Wikipedia - 

    Notas de Viagem - HistoriacomGosto 

    Chat Gpt - Pesquisa sobre locais visitados.