I. Introdução
Voltar a Toledo em abril de 2025, agora com mais conhecimento e procurando os vestígios de sua história, foi uma experiência enriquecedora que me surpreendeu pela riqueza de construções e museus e também um pouco pelo abandono de suas ruas históricas.
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Toledo cidade muralhada, foto HistoriacomGosto |
Toledo é patrimônio cultural da humanidade, foi a capital do reino visigodo na Espanha, e posteriormente local de convivência entre as três religiões monoteístas (islamismo, judaísmo e cristianismo). Toledo foi ainda a primeira grande cidade a ser reconquistada pelos reis Cristãos em 11xx.
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Visão geral de Toledo, foto de em dreamstime.com |
Nessa postagem apresentaremos esse legado cultural e os principais locais que foram testemunhas desse importante momento histórico.
II. - Resumo Histórico
a) Período Romano e Cristão Latino (Séculos II a.C. - V d.C.)
A história de Toledo remonta aos tempos pré-romanos, mas foi sob o domínio romano que a cidade começou a se consolidar. Conquistada pelos romanos em 192 a.C., foi nomeada Toletum e tornou-se um importante centro administrativo e comercial da província da Tarraconense. A romanização trouxe infraestrutura, como aquedutos, estradas e um circo, e o latim se tornou a língua dominante.
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Ruínas do Circo romano de Toledo, foto de em dreamstime.com |
Com a expansão do Cristianismo, Toledo emergiu como um centro episcopal significativo na Hispânia Romana. A tradição cristã em Toledo é antiga, e a cidade se tornou um baluarte da fé no final do Império Romano, estabelecendo as bases para sua futura proeminência religiosa.
Reino Visigodo (Séculos V - VIII)
Após a queda do Império Romano, Toledo foi conquistada pelos visigodos no século VI e tornou-se a capital do Reino Visigodo da Hispânia. Sob o domínio visigótico, Toledo floresceu como um centro político e religioso. Os concílios de Toledo, assembleias de bispos e nobres, foram cruciais para a consolidação da doutrina católica e a formação de uma identidade visigótica e hispânica, estabelecendo as leis e a organização eclesiástica do reino. O legado visigótico é visível em vestígios arquitetônicos e na riqueza de sua ourivesaria.
Domínio Islâmico e a Convivência das Três Culturas (Séculos VIII - XI)
Em 711, a Península Ibérica foi invadida pelos muçulmanos, e Toledo caiu em 712, tornando-se parte do Al-Andalus. Sob o nome de Tulaytulah, a cidade se transformou em um importante centro cultural e intelectual do Islã ocidental. Apesar de inicialmente resistir à autoridade de Córdoba, Toledo se consolidou como uma das cidades mais influentes da taifa (reinos muçulmanos independentes) após o desmembramento do Califado de Córdoba no século XI.
Durante o período islâmico, Toledo experimentou um notável florescimento cultural e científico. O mais marcante, no entanto, foi a convivência das três culturas: muçulmanos, judeus e cristãos (os moçárabes, cristãos que viviam sob domínio muçulmano). Essa convivência, embora não isenta de tensões e períodos de maior ou menor tolerância, permitiu um intercâmbio de conhecimentos sem precedentes. A cidade se tornou um centro de tradução, onde obras gregas e romanas foram traduzidas do árabe para o latim, contribuindo significativamente para o Renascimento europeu. Sinagogas, mesquitas e igrejas coexistiam, e o rico legado arquitetônico e artístico desse período ainda hoje define a paisagem da cidade.
A Reconquista e o Reino de Castela (Século XI - XV)
A cidade foi um dos primeiros grandes alvos da Reconquista cristã. Em 1085, Toledo foi reconquistada por Afonso VI de Castela, marcando um ponto de virada na história da Península Ibérica. Afonso VI se autodenominou "Imperador das Três Religiões", e a cidade continuou a ser um polo de intercâmbio cultural, mantendo muitas de suas características multiculturais, mesmo sob domínio cristão.
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Alfonso VI de Leão e Castela, catedral de Santiago de Compostella |
Durante os séculos seguintes, Toledo foi capital do Reino de Castela por um tempo e manteve sua importância como centro eclesiástico, com a construção da imponente Catedral de Santa Maria de Toledo. A cidade continuou a ser um epicentro de tradução, com a famosa Escola de Tradutores de Toledo, que disseminou o conhecimento árabe e clássico pela Europa.
Situação Atual
Hoje, Toledo é uma das cidades históricas mais importantes da Espanha, reconhecida como Patrimônio Mundial da UNESCO. Ela atrai milhões de turistas anualmente, que vêm admirar sua arquitetura medieval, suas estreitas ruas de paralelepípedos e a rica herança cultural das "três culturas".
III. - O Legado da convivência das três religiões,
Em Toledo, a convivência de muçulmanos, judeus e cristãos foi um fenômeno complexo e dinâmico, que, apesar das tensões ocasionais, levou a um florescimento cultural e intelectual ímpar na Europa medieval. Este intercâmbio não se limitou à tolerância religiosa, mas se manifestou em diversas esferas:
Conhecimento e Ciência: Toledo tornou-se um centro vibrante de tradução. Obras clássicas gregas e romanas, preservadas e desenvolvidas no mundo islâmico, eram traduzidas do árabe para o latim e para o castelhano. Estudiosos cristãos, judeus e muçulmanos trabalhavam lado a lado, compartilhando e traduzindo textos de filosofia, medicina, matemática, astronomia e alquimia. Esta "Escola de Tradutores de Toledo" foi fundamental para reintroduzir o conhecimento clássico na Europa ocidental, que estava em grande parte isolada desses textos.
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copistas na escola de tradutores de toledo |
Filosofia e Literatura: As ideias de filósofos islâmicos como Averróis e Avicena, e judeus como Maimônides, influenciaram profundamente o pensamento cristão medieval. A poesia e a literatura também se enriqueceram com a fusão de estilos e temas.
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Salomão ibne Gabirol (c. 1021-1058), Museu Sefardita, pintado por Daniel Quintero |
A pintura retrata Salomão ibne Gabirol (c. 1021-1058), um proeminente filósofo e poeta judeu de Al-Andalus. Ele é conhecido por sua obra filosófica, "A Fonte da Vida" (Fons Vitæ), e por sua extensa produção poética, cujos poemas foram incorporados à liturgia judaica.
Vida Cotidiana: As culturas se entrelaçavam no dia a dia. Roupas, culinária, música e costumes foram mutuamente influenciados. Mesmo sob domínio cristão, a presença de comunidades muçulmanas e judaicas era significativa, e suas habilidades artesanais e conhecimentos eram valorizados.
Língua: O castelhano incorporou inúmeras palavras de origem árabe, muitas das quais ainda são usadas hoje, especialmente em áreas como agricultura, ciência e administração. Exemplos: Ojalá, Aceite, Azúcar, Almohada, Álgebra, ...,.
A Arquitetura Mudéjar: Um Diálogo Artístico entre Culturas
A arquitetura Mudéjar é o testemunho mais eloquente e visual dessa simbiose cultural. O termo "mudéjar" refere-se aos muçulmanos que permaneceram em território cristão após a Reconquista, mantendo sua religião e muitos de seus costumes, mas submetidos ao governo cristão.
O estilo Mudéjar surgiu nos reinos cristãos ibéricos (Castela, Aragão, Leão) a partir do século XII, combinando a linguagem arquitetônica e construtiva cristã (gótico, românico) com a rica tradição ornamental e técnica islâmica. Não era apenas uma imitação, mas uma fusão criativa.
Características da Arquitetura Mudéjar:
a) Uso predominante do Tijolo e Gesso: O gesso (argamassa) também era amplamente utilizado para decorações esculpidas.
b) Artesanato da Madeira: Tetos de madeira trabalhados
c) Azulejaria: A utilização de azulejos coloridos para revestir paredes e pisos, criando mosaicos e padrões geométricos e florais.
d) Artesanato de Superfície: Os Mudéjares eram mestres na aplicação de decorações intrincadas em superfícies.
e) Adaptação Cristã: Essas técnicas e ornamentações eram aplicadas a edifícios de tipologia cristã, como igrejas, sinagogas palácios e muralhas. O resultado era uma fusão única: um edifício cristão na sua função e planta, mas com uma estética e técnica de construção profundamente enraizadas na tradição islâmica.
III.1. A Herança Muçulmana
A Mesquita de Bab al-Mardum, hoje conhecida como Ermida do Cristo da Luz (Ermita del Cristo de la Luz), é um dos tesouros mais notáveis de Toledo e a única mesquita da cidade que sobreviveu praticamente intacta do período islâmico. Ela é um testemunho arquitetônico singular da Toledo muçulmana anterior à Reconquista, encapsulando a essência do estilo califal do ano 1000 d.C.
Construída por volta de 999-1000 d.C., esta pequena mesquita reflete a arquitetura califal do Califado de Córdoba, um período de grande esplendor artístico e intelectual no Al-Andalus.
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Antiga Mesquita / Igerja Crist de la Luz, foto |
A mesquita é um exemplo clássico da arquitetura religiosa islâmica da época, notável por sua simplicidade externa e a complexidade e beleza de seu interior.
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Interior da Igreja Cristo de la luz, foto wikipedia |
A Transformação em Igreja: Ermida do Cristo da Luz
Após a Reconquista de Toledo por Afonso VI em 1085, muitos edifícios religiosos islâmicos foram convertidos para o culto cristão. Segundo a lenda, Afonso VI, durante a sua entrada triunfal na cidade, avistou uma luz misteriosa no local da mesquita, onde foi encontrada uma imagem de Cristo que havia sido escondida pelos cristãos moçárabes. Em homenagem a este evento, a mesquita foi consagrada como ermida e rebatizada como Ermida do Cristo da Luz.
A transformação implicou a adição de uma abside de estilo Mudéjar à estrutura original islâmica no século XII. Esta abside, construída em tijolo e decorada com arcos cegos e padrões geométricos, é um exemplo primário do estilo Mudéjar, mostrando como os construtores cristãos adotaram e adaptaram as técnicas e a estética islâmica para seus próprios edifícios religiosos.
III.2. O Florescimento Judeu (A Judería)
A Judería (Bairro Judeu) de Toledo não era apenas um conjunto de ruas onde viviam judeus; era um micro-universo dentro da cidade, um complexo e vibrante centro social, religioso, económico e intelectual. Situada na parte oeste da cidade, protegida pela muralha, a Judería de Toledo foi uma das mais importantes e influentes da Península Ibérica, florescendo particularmente sob o domínio islâmico e, posteriormente, sob os reis cristãos de Castela, que frequentemente dependiam das habilidades e conhecimentos de seus súditos judeus.
Os judeus desempenhavam um papel crucial na economia toledana. Muitos eram comerciantes, artesãos especializados (ouriques, tecelões, curtidores), médicos renomados, financistas e administradores da coroa.
A Judería era um polo de saber. As escolas rabínicas e os centros de estudo judaicos eram famosos, atraindo estudantes e sábios de toda a Europa. Os judeus toledanos eram poliglotas, dominando o hebraico, o árabe e o latim, e muitas vezes o castelhano. Essa habilidade linguística, aliada ao seu profundo conhecimento da filosofia grega (preservada por textos árabes) e da ciência islâmica, os tornou mediadores cruciais na famosa Escola de Tradutores de Toledo.
As Sinagogas: Testemunhos da Força Judaica de Toledo
A magnificência e a quantidade de sinagogas em Toledo são o reflexo mais palpável da pujança da sua comunidade judaica. Destacam-se duas sinagogas, hoje convertidas museus, que são testemunhos visíveis da importância intelectual, econômica e cultural dos judeus antes de 1492: a Sinagoga del Tránsito e a Sinagoga de Santa María la Blanca .
A Sinagoga de Santa María la Blanca é um dos exemplos mais emblemáticos e visualmente impactantes da convivência e do intercâmbio cultural e artístico que definiram Toledo medieval. Longe de ser um templo isolado de sua época, ela é uma manifestação arquitetónica pura da fusão de influências religiosas e estéticas.
Construída no final do século XII (por volta de 1180), a Sinagoga de Santa María la Blanca é um testemunho fascinante da presença e da vitalidade da comunidade judaica de Toledo sob o domínio cristão, mas com uma estética profundamente enraizada na tradição islâmica.
A Arquitetura Mudéjar em seu Esplendor Religioso:
O que torna esta sinagoga tão extraordinária é o fato de que, embora fosse um lugar de culto judaico, ela foi construída por mestres-de-obra muçulmanos para patrocinadores judeus, em uma cidade governada por reis cristãos. O resultado é um dos mais belos exemplos de arquitetura mudéjar religiosa.
Arcos em Ferradura: O interior é caracterizado por uma floresta de arcos em ferradura, um elemento arquitetónico icónico da arte islâmica hispânica, que evoca as mesquitas de Al-Andalus. Estes arcos repousam sobre uma série de colunas.
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Sinagoga Santa Maria La Blanca, foto HistoriacomGosto |
III.2 - A Expressão Cristã
A Catedral Primaz de Santa Maria de Toledo, uma das maiores e mais impressionantes catedrais góticas da Espanha, ergue-se majestosamente no coração da cidade, servindo como um poderoso símbolo da fé cristã e, paradoxalmente, como um testemunho da extraordinária convivência de três religiões que moldou Toledo.
Mais do que apenas um monumental templo católico, sua história e sua própria construção encapsulam a complexidade do passado toledano. Erguida a partir de 1226 sobre o local da antiga Grande Mesquita de Toledo – que, por sua vez, havia sido construída sobre uma basílica visigótica – a catedral é um palimpsesto arquitetónico que reflete as sucessivas camadas culturais e religiosas.
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Catedral de Toledo, foto de em dreamstime.com |
Embora sua estrutura predominante seja o gótico francês puro do século XIII, ao longo dos séculos de sua construção e expansão, a Catedral de Toledo absorveu elementos da rica tradição artística local. É notável como, mesmo sendo o principal bastião do Cristianismo em Castela, ela incorpora influências mudéjares em diversos detalhes, como em certas capelas, nos trabalhos de talha e gesso, e especialmente nos tetos de madeira (artesonados) de alguns de seus claustros e dependências.
IV. Toledo em 1085 - O Ano da Reconquista
O ano de 1085 marca um ponto de viragem verdadeiramente monumental na história da Península Ibérica: a conquista de Toledo pelo rei Afonso VI de Leão e Castela. Este evento não foi apenas uma vitória militar, mas um símbolo poderoso do avanço cristão na Reconquista, reconfigurando o mapa político e cultural da Espanha medieval.
Erguida sobre um promontório rochoso, cercada pelo rio Tejo, Toledo era uma fortaleza natural, quase impenetrável. Sua captura representava um feito militar colossal.
Durante séculos, Toledo foi Tulaytulah, uma das cidades mais importantes do Al-Andalus. Sob os muçulmanos, especialmente após a desintegração do Califado de Córdoba, tornou-se a capital de uma poderosa taifa, um centro florescente de saber, arte e comércio.
Para os cristãos, Toledo era a antiga capital do Reino Visigótico, sede de importantes concílios e um baluarte da fé antes da invasão muçulmana. Reconquistá-la era um ato de restauração histórica e religiosa, reivindicando um passado glorioso.
Sua posição central abria caminho para o avanço das campanhas cristãs em direção ao sul, enfraquecendo as restantes taifas e estabelecendo um precedente para futuras conquistas.
O Início de um Novo Capítulo, Não o Fim da Convivência
Afonso VI entrou em Toledo de forma triunfal, mas a conquista não resultou na expulsão imediata ou na aniquilação das culturas muçulmana e judaica. Pelo contrário, marcou o início de uma nova fase, a da Toledo das Três Culturas sob domínio cristão.
Manutenção das Comunidades: O rei Afonso VI, num ato de pragmatismo e, em certa medida, de respeito (ou talvez reconhecimento da utilidade), permitiu que muçulmanos (mudéjares) e judeus (sefarditas) permanecessem na cidade, mantendo suas leis, suas religiões e suas propriedades, embora agora como súditos do rei cristão e sujeitos a novas tributações. Eles continuaram a habitar seus bairros, como a Judería e a Moura.
V. - Fase final - A Reconquista Completa
O final da Reconquista, culminando em 1492 com a queda de Granada e a expulsão dos judeus, marcou o fim da "Toledo das Três Culturas" em sua forma original. No entanto, o legado arquitetónico e intelectual desse período de coexistência e conflito deixou uma marca indelével, visível em monumentos que continuam a contar a história de uma das cidades mais singulares da Europa.
VI. Toledo nos dias atuais - Um Museu vivo, O que Ver ?
VI.1 - Catedral de Toledo
Majestosa e imponente, a Catedral de Toledo é um dos maiores expoentes do gótico espanhol, elevando-se grandiosamente sobre a cidade. Seu interior deslumbra com a riqueza da Capela-Mor, um espetáculo de talha e cor, e com a incomparável Custódia de Arfe, uma obra-prima de ourivesaria que reflete a opulência da fé católica e a perícia artística da época.
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Alcázar de Toledo | Vista panorâmica do topo e o Museu do Exército. (Foto: Vista do Alcázar ou a vista da cidade a partir dele) |
Igreja de Santo Tomé | Imperdível para ver "O Enterro do Conde de Orgaz" de El Greco. (Foto: Exterior Mudéjar ou uma foto de rua no Bairro Judeu) |
Sinagogas (Santa María la Blanca e del Tránsito) | A beleza arquitetônica dos templos das minorias. (Foto: Interior branco das sinagogas) |
Puente de Alcántara e Puerta de Bisagra | As entradas históricas da cidade e suas muralhas. (Foto: Uma das pontes ou portas) |
Mirador del Valle | O melhor local para ver a cidade medieval inteira (onde, provavelmente, você tirou a foto da Introdução!). (Foto: Você ou um detalhe da cidade a partir do Mirador) |
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Sinagoga del Tránsito: Um Santuário de Luz e Arte Sefardita
Construída entre 1357 e 1363, durante o reinado de Pedro I de Castela, por Samuel Ha-Leví, tesoureiro-mor do rei, a Sinagoga del Tránsito é um exemplo sublime da arquitetura mudéjar religiosa, aplicada a um contexto judaico. Diferentemente de muitas sinagogas medievais que se integravam de forma mais discreta na paisagem urbana, esta foi erguida com a intenção de ser um monumento, refletindo o poder e a riqueza da comunidade judaica toledana na época.
A Beleza Arquitetónica e o Legado Judaico:
VII. - Referências
https://chaveri.blogspot.com/2014/02/escola-de-tradutores-de-toledo.html
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