Páginas

segunda-feira, 16 de junho de 2025

Marrakech, o coração pulsante do Marrocos!

 1.0 - Introdução à Marrakech e ao Marrocos!

Marrakech, conhecida como a "Cidade Vermelha", consolidou-se como a maior referência turística do Marrocos, sendo vibrante, dinâmica e palco de eventos globais que atraem a atenção de milhões de visitantes. 

Embora Fez seja cerca de 270 anos mais antiga que Marrakech, tenha sido também várias vezes capital imperial e reconhecida como a guardiã religiosa do Marrocos, é Marrakech que se destaca como o principal símbolo do país no imaginário internacional.


Praça Jemma El Fna, foto @Kasto80 em dreamstime.com


As duas cidades tem muita tradição história. Entretanto, na atualidade, enquanto Marrakech recebe anualmente cerca de 4 milhoes de turistas são cerca de quatrocentos mil que também visitam Fez, esses mais interessados em conhecer as tradições marroquinas como um todo. 


Os principais diferenciais de Marrakech são

  • Marrakech fica no sopé das Montanhas Atlas e serve como porta de entrada tanto para o deserto do Saara quanto para os vales e as montanhas, o que a transforma em base ideal para diversos roteiros turísticos.
Montanhas do Atlas, foto @Paop em dreamstime.com


  • O nome "Marrakech" tornou-se quase sinônimo de Marrocos para muitos estrangeiros. O país em diversas línguas até levou o nome da cidade (por exemplo, "Morocco" deriva de Marrakech).
  • Marrakech ficou conhecida mundialmente como um destino “exótico” desde o século XX, graças a celebridades, artistas, escritores e cineastas que visitaram e retrataram a cidade, ajudando a criar seu mito.
Carroça de passageiros, Marrakech, foto HistoriacomGosto


  • Marrakech investe fortemente em eventos internacionais, como o Festival Internacional de Cinema, feiras de arte, congressos e festivais de música, consolidando sua posição global.
  • A cidade foi alvo de grandes investimentos em infraestrutura: aeroporto internacional moderno, variedade de hospedagem (dos riads tradicionais aos hotéis de luxo), transporte acessível, excursões organizadas.
  • O período do protetorado francês foi um grande impulsionador da estratégia de tornar Marrakech um centro de turismo investindo em infraestrutura e divulgação na Europa.

Por isso é justo que consideremos Marrakech como o coração pulsante e representativo do Marrocos.  


2.0 - História do Marrocos

A história do Marrocos é muito diversificada. Ela reflete uma confluência de culturas, dinastias e influências externas ao longo dos séculos. 

          Camelos no Kasbah Ellouze aos pés dos Atlas em Ait Ben Haddou, foto de © Valentin M Armianu
Como estamos publicando postagens sobre Casablanca, Marrakech, Fez, Merzouga, ..., para não ficar repetitivo criamos uma introdução comum. Portanto para conhecer melhor a história do Marrocos como um todo veja a postagem:


3. 0 Resumo Histórico de Marrakech

Marrakech, uma das cidades imperiais do Marrocos, possui uma história rica e fascinante. Aqui está um resumo detalhado de sua história:

Fundação e Primeiros Habitantes (1062)


  • Marrakech foi fundada em 1062 por Abu Bakr ibn Umar, líder da dinastia almorávida. Antes da chegada dos almorávidas, a região era habitada por tribos berberes, que foram fundamentais na formação cultural e social da cidade.


Dinastia Almorávida (1040-1147)

  • A cidade foi estabelecida como um centro militar e comercial pelos almorávidas. Sob o comando de Youssef ibn Tashfin, Marrakech se tornou a capital do império almorávida, expandindo sua influência sobre o Magrebe e a Península Ibérica.
  • Youssef ibn Tashfin é uma figura central, conhecido por suas conquistas militares e pela consolidação do império.
gravura wikipedia.com


Dinastia Almóada (1147-1269)  

  • Em 1147, os almóadas, liderados por Abd al-Mu'min, conquistaram Marrakech, substituindo os almorávidas. A cidade floresceu sob os almóadas, que construíram muitos dos marcos arquitetônicos, como a Mesquita Koutoubia.
  • Abd al-Mu'min, o fundador da dinastia almóada, e Yaqub al-Mansur, ficaram conhecidos      por suas vitórias militares e projetos de construção.

Dinastia Merínida (1269-1525)  

  • Os merínidas dominaram Marrakech após a queda dos almóadas, mas preferiram Fez como sua capital principal. Nesse período Marrakech sofreu um período de declínio relativo, embora continuasse a ser um importante centro comercial.

Dinastia Saadiana (1524-1659)

  • Marrakech voltou a florescer sob os saadianos, que a tornaram sua capital. O sultão Ahmad al-Mansur é conhecido por sua riqueza e pela construção do Palácio El Badi.
  • Um evento importante foi A Batalha dos Três Reis (1578), onde Ahmad al-Mansur consolidou seu poder após a vitória sobre os portugueses.

Dinastia Alaouita (1666-presente)

  • Os alaouitas tomaram o controle de Marrakech e continuam a governar o Marrocos até hoje. A cidade passou por várias fases de renovação e restauração, especialmente no século XX, com o aumento do turismo.
  • Os personagens de destaque são Moulay Ismail, que consolidou o poder alaouita, e Mohammed VI, o atual rei, que promoveu o desenvolvimento moderno do Marrocos.

Eventos Modernos

  • Colonização Francesa (1912-1956): Durante o protetorado francês, Marrakech se tornou um destino turístico e cultural, com investimentos em modernização de vias e outros, mas preservando sua herança histórica.
  • Independência: Após a independência do Marrocos em 1956, Marrakech continuou a crescer como um centro cultural e turístico.

Marrakech hoje é famosa por sua medina histórica, mercados vibrantes e arquitetura impressionante, atraindo visitantes de todo o mundo.


4.0 - O que ver em Marrakech


a) Palácio Bahia (1860 a 1870)

O Palácio Bahia teve sua construção iniciada no início no final do século XIX, mais precisamente entre as décadas de 1860 e 1870, durante o reinado do sultão Moulay Hassan I (1873–1894) da dinastia Alaouita. 

Palacio Bahia, Marrakech, foto  @Adwo em dreamstime.com


A construção começou para e com a supervisão de Si Moussa, o grão-vizir do sultão Moulay Hassan I, e foi concluída por ordem de seu filho, Ahmed ben Moussa (Ba Ahmed), que herdou a posição de grão-vizir. 

Objetivo da Construção

O nome do palácio, "Bahia", significa "brilho" ou "beleza", refletindo a intenção de Ahmed ben Moussa de criar uma residência que impressionasse dignitários e visitantes pela sua grandiosidade. O propósito original foi usar o espaço como uma residência particular para sua família, incluindo suas quatro esposas e um grande harém de concubinas. Além disso, o local funcionava como sede administrativa, onde o grão-vizir exercia suas atividades políticas e recebia convidados de prestígio.

Palácio Bahia, foto @Valery Bareta em Dreamstime.com


Contexto Histórico

Na época de sua construção, o Marrocos estava sob o domínio da dinastia Alaouita.  Era um período de transição, marcado por tensões políticas internas, pressões de potências coloniais (especialmente França e Espanha) e tentativas de modernização e centralização do poder.

O Palácio Bahia, assim, reflete o apogeu administrativo e cultural da era Alaouita, servindo como um marco do poder dos grão-vizires, que muitas vezes atuavam como governantes de fato.

Palacio Bahia, Marrakech, foto HistoriacomGosto

Arquitetura e Decoração


Culturalmente, o Palácio Bahia é um símbolo de artesanato tradicional marroquino. Sua construção reúne os melhores elementos da arquitetura islâmica e marroquina, com uma clara influência andaluza.

Arquitetonicamente, o palácio é famoso por seus
  • Pátios e jardins ornamentados, repletos de árvores frutíferas, flores e fontes, que trazem uma sensação de tranquilidade e harmonia.
  • Detalhes elaborados, como mosaicos (zelliges), molduras de gesso esculpido, tetos de madeira pintada e trabalho em mármore, que demonstram a habilidade dos melhores artesãos marroquinos.
Palacio Bahia, Marrakech, foto HistoriacomGosto


  • Design labiríntico, com mais de 150 quartos que criam um intrincado jogo de espaços privados e públicos.
Patio do Palacio Bahia, foto HistoriacomGosto


Sua estrutura foi planejada para refletir o poder e o prestígio de seus ocupantes, além de garantir privacidade absoluta às mulheres do harém, separando-as estrategicamente de homens ou visitantes. Atualmente serve como museu aberto à visitações;


b) Madrassa Ben Youssef (século XIV)

A Madrassa Ben Youssef, localizada no coração de Marrakech, é uma das maiores e mais impressionantes escolas islâmicas (madrassas) do Norte da África. Fundada séculos atrás, é um marco cultural e histórico do Marrocos, além de ser uma joia da arquitetura islâmica.

Madrassa Ben Youssef, Marrakech, foto @Robert Paul Van Beets, dreamstime.com



Início da construção

A Madrassa Ben Youssef foi originalmente fundada no século XIV, durante o reinado da dinastia Merínida, sob a liderança do sultão Abu al-Hassan. No entanto, a estrutura que conhecemos hoje foi completamente reconstruída em 1564-1565, durante o reinado do sultão Abdallah al-Ghalib (1557–1574), da poderosa dinastia Saadiana. Essa reconstrução deu à madrassa a grandiosidade arquitetônica e artística que ela exibe ainda hoje.

Madrassa Ben Youssef, Marrakech, foto HistoriacomGosto

Propósito

O principal propósito da Madrassa Ben Youssef era atuar como uma instituição de ensino religioso dedicada ao estudo do Alcorão e da lei islâmica (fiqh). Serviu como uma escola-residência para estudantes que vinham de várias regiões do Marrocos e até de outros territórios islâmicos. A madrassa foi projetada para acomodar até 900 estudantes, que viviam e estudavam no local.

Madrassa Ben Youssef, foto HistoriacomGosto

Além do ensino acadêmico, seu objetivo também era reafirmar a importância de Marrakech como um centro espiritual e intelectual, competindo com cidades como Fez, que na época era outro grande polo de aprendizado islâmico.


c) Palacio El Badi (1578)

O Palácio El Badi (Palais El Badi),  é uma obra monumental que reflete o apogeu da dinastia Saadiana e a ambição de seus governantes. Embora atualmente esteja em ruínas, é uma das joias históricas de Marrakech, representando o luxo e a grandiosidade do reinado do sultão Ahmed al-Mansur.

Palacio El Badi, foto HistoriacomGosto



O Palácio El Badi foi construído no final do século XVI, com obras iniciadas em 1578 e finalizadas por volta do início do século XVII. A construção foi bancada com o enorme tesouro obtido após a vitória na Batalha dos Três Reis (Batalha de Alcácer-Quibir), quando os Saadianos derrotaram os portugueses.

Propósito

O Palácio El Badi foi concebido como um palácio governamental altamente luxuoso utilizado para recepções diplomáticas e festividades oficiais. Ele foi feito como símbolo do poder da dinastia saadiana.

El Badi também servia como palácio de veraneio para o sultão e sua corte, com vastos pátios, refinados jardins e uma imensa piscina central.

Palacio El Badi, foto HistoriacomGosto

Atualmente o Palácio El Badi está em processo de restauração e conservação, liderado pelo governo marroquino e órgãos de preservação. A finalidade é preservar as ruínas e evitar o colapso das estruturas existentes.


d) Mesquita Koutobia

A Mesquita Koutoubia é um marco significativo da história islâmica no Marrocos. Com seu imponente minarete de 77 metros de altura, visível em grande parte da cidade, a mesquita é um símbolo tanto espiritual quanto arquitetônico.

A Mesquita Koutoubia começou a ser construída em 1147 e foi concluída por volta de 1158, durante o reinado da dinastia Almóada, uma das mais poderosas dinastias da história do Marrocos.

Mesquita Koutoubia, foto HistoriacomGosto


A construção foi ordenada pelo califa almóada Abd al-Mu'min, que governou entre 1130 e 1163. Depois de sua morte, as obras foram finalizadas por seu sucessor, Abu Yusuf Yaqub al-Mansur (reinou entre 1184 e 1199), que também ampliou a estrutura, incluindo o icônico minarete.

Função religiosa

A Koutoubia foi projetada como uma mesquita congregacional, destinada a ser o principal local de oração para os fiéis de Marrakech. Suas grandes dimensões permitiam reunir centenas de pessoas para a oração comunitária da sexta-feira (jumu'ah), o dia sagrado no Islã.

Ao construir uma mesquita tão grandiosa, Abd al-Mu’min procurava mostrar o controle dos Almóadas sobre Marrakech e sua importância como líderes do mundo islâmico.

A dinastia Almorávida, que governava antes dos Almóadas, havia erguido uma mesquita no mesmo local. No entanto, os Almóadas demoliram a antiga estrutura e construíram a Mesquita Koutoubia para simbolizar a legitimidade de seu novo domínio.

Significado Cultural do nome Koutoubia

O nome "Koutoubia" significa "Mesquita dos Livreiros" porque, na Idade Média, a região ao redor da mesquita era repleta de mercados de vendedores de livros (kutubiyyin), destacando o papel do conhecimento e da literatura na sociedade daquela época

Minarete de 77 metros: Considerado um dos mais belos do mundo islâmico, ele influenciou a arquitetura de outros minaretes importantes, como o da Torre Hassan em Rabat e o da Giralda, em Sevilha.


e) Praça Jemaa El-Fna (século XI)

A Praça Jemaa El-Fna, localizada no coração da medina de Marrakech, é um dos pontos mais emblemáticos e vibrantes do Marrocos. Este espaço público é considerado o epicentro cultural, social e turístico da cidade, oferecendo uma mistura fascinante de histórias, tradições, gastronomia e performances artísticas. Atualmente, a praça é reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO, destacando sua importância na preservação da rica herança oral e cultural marroquina.

A Jemaa El-Fna abrange uma área aberta que varia em torno de 24.000 metros quadrados, tornando-se assim um dos maiores espaços públicos do Marrocos. Rodeada por cafés, restaurantes e o movimentado souk (mercado), a praça é um verdadeiro coração social que transforma a medina de Marrakech em uma metrópole pulsante.

Praça Jemaa El-Fna, no começo da tarde, foto HistoriacomGosto


A origem da Jemaa El-Fna remonta ao século XI, durante o reinado dos Almorávidas, que fundaram Marrakech e a estabeleceram como sua capital. No entanto, a praça começou a tomar sua forma atual no século XII, após destruições e reconstruções promovidas pelos Almóadas.

Ao longo dos séculos, a praça serviu como um ponto de encontro para comerciantes, viajantes e artistas. Seu nome, Jemaa El-Fna, é intrigante e pode ser traduzido de formas diferentes. Jemaa significa "mesquita" e Fna pode significar "fim" ou "morte", o que historicamente pode fazer referência à presença de execuções públicas no espaço durante os primeiros séculos, antes de se consolidar como um local de convivência e celebração.

Praça Jemaa El Fna, belíssima foto de Luc Viatour, em Wikipedia

A praça é um verdadeiro mercado a céu aberto, onde uma infinidade de itens e experiências podem ser encontrados:

  • Comidas típicas: Durante o dia e, especialmente à noite, a praça se transforma em uma gigantesca praça de alimentação. Entre os itens mais populares estão:

    • Tajines, kebabs e hariras (sopa típica marroquina).
    • Doces tradicionais, como chebakia.
    • Sucos naturais frescos, especialmente de laranja.
Praça Jemma El-Fna, foto HistoriacomGosto

Excentricidades da Jemaa El-Fna

A praça é famosa por suas performances e atrações, algumas delas quase hipnotizantes pela sua originalidade e excentricidade:

  • Encantadores de serpentes: Durante o dia, é comum ver homens manipulando cobras ao som de flautas para entreter turistas.
  • Macacos amestrados: Artistas usam macacos para interagir com os visitantes (embora tal prática tenha sido alvo de críticas relacionadas ao bem-estar animal nos últimos anos).
  • Narradores de histórias (halqa): Um legado de séculos mantido vivo por contadores que transmitem histórias folclóricas, religiosas ou épicas para o público, perpetuando uma tradição oral viva.
  • Músicos e dançarinos: A praça é palco para músicos de ritmos Gnawa e andaluz que encantam com suas performances, bem como para dançarinos de estilos animados.
Músicos em Jema el fna, foto Maxence Regnier, wikipedia
  • Dentistas de rua: Destaca-se também a curiosa prática de extração de dentes e oferta de próteses dentárias improvisadas.

f) Old Medina (Cidade Velha) e seus souks


A Old Medina (cidade velha) de Marrakech é o coração histórico e cultural da cidade, um verdadeiro labirinto repleto de história, tradições e vibração autêntica. Fundada no século XI, sua riqueza arquitetônica, cultural e social fez dela um dos lugares mais fascinantes do Marrocos e um dos principais destinos turísticos do mundo. A medina de Marrakech é reconhecida como Patrimônio Mundial da Humanidade pela UNESCO, e sua importância histórica e cultural transcende séculos.

Muralhas da Old Medina, foto Sspezi em dreamstime.com


A origem da medina remonta ao ano de 1070/1071, durante o reinado da dinastia Almorávida, que fundou Marrakech como a capital do seu império. Liderados pelo califa Youssef Ibn Tachfin, os almorávidas estabeleceram a cidade estrategicamente como um centro comercial e cultural.

Ao longo dos séculos, diferentes dinastias ajudaram a moldar a medina, com destaque para os Almóadas e os Saadianos, que expandiram e enriqueceram sua infraestrutura, incluindo a construção de mesquitas, palácios, mercados e muralhas.

Qual a área que a Medina de Marrakech abrange?

A medina cobre uma área de aproximadamente 600 hectares, cercada por muralhas de cerca de 19 km de extensão. Essas muralhas, originalmente construídas pelos almorávidas, são feitas de uma mistura de barro, cal e pedra, conferindo-lhes um tom avermelhado que deu a Marrakech o apelido de A Cidade Vermelha (Al-Hamra). Há pelo menos 20 portões históricos (ou "babs") ao longo dessas muralhas, que dão acesso à medina, sendo o mais famoso o Bab Agnaou.

Dentro da medina, há centenas de ruelas estreitas e becos — muitos não sinalizados — que compõem um verdadeiro labirinto, com ruas caóticas cruzando entre mercados, casas, palácios e mesquitas.


Medina antiga, foto de © Ragne Kabanova em dreamstime.com

Tipos de comércio hoje existente

A medina é dominada pelos famosos souks (mercados tradicionais), que oferecem uma variedade infinita de produtos e uma experiência autêntica de negociações. Aqui estão os principais tipos de comércio e atividades dentro da medina:

- Artesanato de couros, cerâmicas e cerâmicas pintadas a mão, tecelagem, tecidos tingidos, trabalhos em metal.

- Especiarias, chás e doces tradicionais

- Perfumarias,óleo de argan, sabonetes, cosmeticos de uma forma geral.

- Reparos em metais, madeiras, ...,.

                                      
Souk na old medina, Marrakech, foto HistoriacomGosto


Fotos HistoriacomGosto - Souk, Medina em Marrakech



Souk, Medina, Marrakech, foto HistoriacomGosto

Souk, Medina, foto HistoriacomGosto


Fatos curiosos sobre a Medina de Marrakech

  • Labirinto intencional: A disposição labiríntica das ruas não é um erro de planejamento. Essa estrutura foi projetada para dificultar a entrada de invasores e proteger as habitações e mercados.
  • Nenhum carro, só motocicletas e burros: As ruas da medina são tão estreitas que os carros não podem trafegar. Isso significa que muitos bens ainda são transportados pelos burros e carroças ou pelas benditas motocicletas, que às vezes causam caos.
Meio transporte, Marrakech, foto HistoriacomGosto


  • A Praça Jemaa El-Fna como o coração: A Praça Jemaa El-Fna, localizada na entrada da medina, é o marco central e o principal ponto de encontro da cidade. De lá, você pode acessar todos os souks e rotas principais.
  • Banhos tradicionais (hammams): A medina é lar de muitos hammams (banhos públicos), que ainda hoje são frequentados pela população local para relaxamento e limpeza religiosa.
  • Influência judeus na área: A medina contém o antigo Mellah, que era o bairro judeu, construído no século XVI. Embora a população judaica tenha diminuído, o bairro mantém sua identidade, com sinagogas e mercados exclusivos.


g) Feira ao ar livre - entrada de Marrakech

Feira ao ar livre, Marrakech, foto HistoriacomGosto



h) Jardim secreto

A origem do Jardim Secreto remonta ao período da dinastia Saadiana, no século XVI, quando o local foi ocupado por uma residência de luxo pertencente a uma importante figura da elite marroquina. O jardim em si foi reconstruído no século XIX, durante o reinado da dinastia Alaouita, quando se transformou em um verdadeiro palacete, encomendado por um influente caïd (governador regional). Após a morte de seus ocupantes, ele foi abandonado por muitos anos, até sua recuperação completa no início dos anos 2000.

O projeto de restauração, concluído em 2016, liderado por historiadores, arquitetos e artesãos, devolveu ao jardim o esplendor que reflete séculos de tradição islâmica e marroquina.



Jardim secreto, foto HistoriacomGosto



O Jardim Secreto é mais do que um espaço verde; é uma obra-prima da arquitetura islâmica e da engenharia tradicional. Dividido em duas seções principais (o jardim exótico e o jardim islâmico), ele oferece harmonia entre espiritualidade, natureza e design humano.

jardim secreto, foto @Mathiasrhode, dreamstime.com

  • Jardim Exótico: Este espaço celebra a biodiversidade global, com plantas provenientes de diferentes partes do mundo. Espécies tropicais e mediterrâneas — como cactos, palmeiras, bambus e flores diversificadas — criam uma paisagem exuberante que contrasta com as linhas geométricas do design islâmico.
  • Jardim Islâmico: Inspirado nos conceitos do paraíso descritos no Alcorão, o Jardim Islâmico é organizado em torno de elementos simétricos, com canais de irrigação que simbolizam os quatro rios do paraíso (água, leite, vinho e mel). Árvores frutíferas, como limoeiros e oliveiras, e fontes de água central criam um ambiente de paz e contemplação, características essenciais dos jardins paradisíacos islâmicos.


Jardim Secreto, foto HistoriacomGosto




i) Artes antigas

Visitamos em Marrakech uma loja, palácio especializado em peças de arte antiga. Muitos objetos espetaculares de pequenas, médias e grandes proporções. Qualidade indiscutível. Vejam abaixo:

a) Local das Instalações

Espaço de Artes, foto HistoriacomGosto


b) amostra 01


Espaço de Artes, foto HistoriacomGosto

c) amostra 02


Espaço de Artes, foto HistoriacomGosto


j) Riad

Os riads, típicos do Marrocos e especialmente abundantes em Marrakech, são um dos exemplos mais cativantes da arquitetura tradicional islâmica e árabe. Essas residências luxuosas foram projetadas para proporcionar conforto, privacidade e harmonia com a natureza, e ainda hoje formam uma parte essencial da experiência cultural marroquina.

A palavra "riad" vem do árabe "riyad", que significa jardim. Originalmente, esses edifícios eram palacetes ou casas tradicionais da elite marroquina, muitas vezes ocupados por famílias nobres ou mercadores ricos. O elemento mais marcante de um riad é o pátio interno, que serve como o coração da casa e é geralmente ornamentado com jardins, fontes, piscinas e outros detalhes que simbolizam paz e frescor.

Riad , Marrakech, foto HistoriacomGosto


O pátio central é o coração do riad, projetado para criar um ambiente tranquilo e refrescante. Muitas vezes, é rodeado por arcos ou colunas e conta com:
  • Fontes e piscinas: Elementos aquáticos centrais que ajudam a refrescar o ar em dias quentes, criando um microclima agradável.
  • Jardins exuberantes: Árvores cítricas, palmeiras, flores e arbustos harmonizam com a água, trazendo uma sensação de serenidade. O pátio reflete a ideia do paraíso no Islã, frequentemente descrito como um jardim com rios fluindo.


k) Menara Garden

O Jardim Menara (Jardin de la Ménara), localizado a cerca de 3 quilômetros do centro de Marrakech, é um dos lugares mais históricos e tranquilos da cidade. Com suas oliveiras vastas, um grande lago artificial e um icônico pavilhão ao fundo, o jardim representa um belo exemplo de paisagismo tradicional marroquino que une natureza, espiritualidade e funcionalidade.

Projeto e Construção

O Jardim Menara foi inicialmente projetado no século XII, durante o reinado da dinastia Almóada. Ele foi encomendado pelo califa Abd al-Mu'min, o mesmo que construiu vários outros marcos importantes em Marrakech, como a Mesquita Koutoubia.

O objetivo original do jardim era duplo: fornecer um espaço para lazer e contemplação da corte e servir como uma infraestrutura agrícola, especialmente para a irrigação das vastas oliveiras plantadas na área.


Menara Garden, Marrakech, foto Kemaltaner em dreamstime.com


O lago artificial no centro do jardim é abastecido com água proveniente das montanhas do Alto Atlas, transportada por um sistema de irrigação tradicional conhecido como "khettara". Esse lago serve como reservatório para irrigar os imensos olivais que cercam a área, que ainda hoje se destacam pela produção de azeite.

Além disso, o jardim foi desenhado como um espaço de lazer para a elite da época, refletindo o apreço islâmico pelo jardim como um símbolo do paraíso terrestre, um lugar de paz e harmonia.

Menara Garden, foto de Tudor Antonel Adrian em dreamstime.com


O Jardim Menara cobre uma área de aproximadamente 100 hectares, o que o torna um dos maiores jardins históricos de Marrakech.

Essa vasta extensão é composta principalmente por olivais, que somam cerca de 40.000 oliveiras, além de outras árvores frutíferas, como palmeiras, figueiras e laranjeiras.


l) Bairro Moderno - Gueliz


O bairro moderno de Marrakech é chamado de Gueliz (Guéliz em francês). Ele é o centro da zona moderna da cidade, contrastando com a medina histórica tanto em ambiente quanto em arquitetura. Esse bairro foi originalmente projetado durante o período do protetorado francês no Marrocos, no início do século XX.



l.1 - Avenidas modernas

A maior e mais importante avenida de Gueliz é a Avenida Mohammed V (Avenue Mohammed V). Essa avenida é um dos principais eixos de Marrakech, ligando a parte moderna de Gueliz à medina histórica e passando por vários pontos de destaque da cidade.


Avenida em Gueliz, foto HistoriacomGosto


l2. - Prédios modernos

Nessa área de Gueliz já se encontram também prédios modernos, estilo ocidental porém com cerca de 5 a 6 andares.

Predios modernos, Gueliz, foto HistoriacomGosto


l2. - Lojas de Marcas europeias

Em Gueliz, que é o centro moderno e cosmopolita de Marrakech, encontramos diversas marcas europeias e internacionais que refletem o estilo contemporâneo e o crescente dinamismo econômico da cidade. Além da Zara e da Louis Vuitton, estão localizados na área H&M, Massimo Dutti, Stradivarius, Mango, Cartier, Gucci, Chanel e outros. 


Loja Louis Vutton, foto HistoriacomGosto



l3. - Hoteis 


Hotel em Gueliz, foto HistoriacomGosto

Gueliz, foto HistoriacomGosto



l4. - Shopping Center - Menara Mall

O Menara Mall é mais focado em áreas de jogos infantis e jogos para adolescentes. Pouquíssimas lojas. A cultura de Marrakech é de comercio local e as lojas de luxo tem o seu próprio espaço nas avenidas de Gueliz. 


 Shopping center Menara Mall, foto HistoriacomGosto


m) Loja cerâmica

Em Marrakech pode-se encontrar cerâmicas artesanais feitas na região e também na famosa fábrica de Fez. OS potes para Tagine, copos e pratos de salada são especiais. 

Loja de Cerâmica em Marrakech, foto HistoriacomGosto

n) Jardim Majorelle


O Jardim Majorelle foi criado em 1923 pelo artista francês Jacques Majorelle (1886–1962), que se estabeleceu em Marrakech buscando inspiração em suas paisagens e cultura. Filho de um famoso designer de móveis, Jacques era um pintor apaixonado que ficou encantado pelas cores, formas e o dinamismo do Marrocos.

Jardim de Majorelle, Marrakech, foto HistoriacomGosto


Majorelle comprou uma propriedade no bairro de Gueliz e passou décadas coletando plantas exóticas e projetando o espaço. Em 1931, ele contratou o arquiteto francês Paul Sinoir para construir uma villa ao estilo Art Déco no centro do jardim. Essa villa hoje é um ponto central do espaço.

O propósito inicial de Jacques Majorelle para o jardim era criar um espaço de inspiração e serenidade para suas pinturas. Ao mesmo tempo, ele queria experimentar um jardim botânico único, reunindo plantas e espécies de várias partes do mundo, com um design que refletisse um paradigma de harmonia entre natureza e arte. A partir de 1947, Jacques Majorelle abriu o local para visitação pública.

Jardim Majorelle, foto HistoriacomGosto


Com o passar dos anos e após a morte de Jacques Majorelle em 1962, o jardim foi negligenciado e caiu em decadência. Em 1980, os famosos estilistas franceses Yves Saint Laurent e seu parceiro Pierre Bergé adquiriram o Jardim Majorelle, salvando-o da destruição, pois havia o risco de a propriedade ser demolida para dar lugar a um hotel.

Eles restauraram o jardim completamente, preservando a visão original de Jacques Majorelle, mas adicionando seu toque pessoal. Yves Saint Laurent via o espaço como uma fonte infinita de inspiração para suas criações de moda.

Jardim Majorelle, foto HistoriacomGosto



O Azul Majorelle

O famoso Azul Majorelle (ou "azul ultramarino vibrante") é uma das características mais marcantes do jardim. Jacques Majorelle criou essa tonalidade inspirada nas cores intensas da cultura marroquina e no azul que ele observava em elementos tradicionais como as cerâmicas, mosaicos e zellige. Ele usou essa cor para pintar os edifícios, paredes e estruturas do jardim, acreditando que trazia um contraste perfeito com o verde das plantas e a luz do sol.

O Azul Majorelle também reflete sua paixão pela pintura e pelo simbolismo do azul como cor universal associada ao céu, à água e à espiritualidade.

Jardim Majorelle, foto HistoriacomGosto



Quais plantas podemos encontrar no Jardim ?

O Jardim abriga mais de 300 espécies de plantas exóticas oriundas de diversas partes do mundo, transformando-o em um verdadeiro jardim botânico global. As principais espécies incluem:
  • Cactos e suculentas: Uma grande variedade, especialmente cactos de origem americana.
  • Palmeiras: São mais de 20 espécies diferentes, originárias de regiões como África, América do Sul e Ásia.
  • Bambu gigante: Trazido da Ásia, criando corredores marcantes no jardim.
  • Bougainvílias: Flores coloridas que permeiam muitas áreas do espaço.
  • Lotos e nenúfares: Nos lagos e fontes, criando uma atmosfera tranquila.
  • Jasmim e hibiscos: Adicionam fragrâncias delicadas ao jardim.


Jardim Majorelle, foto HistoriacomGosto

As plantas são organizadas de forma meticulosa para criar uma sensação de harmonia e beleza em cada espaço.

 

5.0 - Referências

Wikipedia - Marrakech / Marrocos

ChatGpt - Pesquisa de localidades

HistoriacomGosto - Nota de Viagem e fotos

Dreamstime - fotos quando referenciadas